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12 de março de 2010

Quando a dança se tornar um show e tira Cristo do centro do Culto!

image No culto domingo a noite (07/03) presenciei uma apresentação de dança do Grupo Movimento Santo. Quando ao término da apresentação,fiquei atônico ao ver pessoas se levantarem para aplaudir de pé, e ovacionar o “ministério” que ali estava. Também não entendi, se era um grupo de Dança ou um ministério, porque há diferenças claras entre esses dois termos. Mais não vou entrar nesse ponto.

Antes da palava o pastor Luis Roberto,fez questão de reprovar a apresentação, primeiro pelos gestos, pela dança entre os casais,e pelas roupas transparentes utilizadas. Depois pelo fato de alguns terem se levantado e aplaudido de pé a apresentação.

Alguns questionaram a atitude do pastor, outros concordaram.

Meu objetivo nesse texto,é fazer um alerta, e também fazer uma merecida homenagem.

O primeiro ponto, que quero ressaltar é quanto a triste cena das pessoas aplaudindo de pé, ovacionando a apresentação no meio do culto. Não é errado aplaudir de pé, ou ovacionar, mais para isto existe o lugar certo e o momento certo, e com certeza o culto não era esse. Ora, o culto é de quem e pra quem? Quem é o centro? Quanto fazemos tal coisa, tiramos do centro JESUS e passamos para os “artistas” que se apresentavam. O culto é para o Senhor, ele é o centro, e a ministração de dança, não deve ser para entreter os que estão na igreja, mais sim como parte da adoração.

Nesse ponto é que quero parabenizar o ministério Fluir Do Espírito da Primeira Igreja Batista de Uberaba, um ministério que ao longo de mais de 7 anos, vem desenvolvendo um ministério santo, com o objetivo claro e único de adorar ao Senhor. Em todos esses anos, não há recortes a se fazer da conduta desse ministério, muito pelo contrário,sim de agradecer a Deus pelas mulheres que ali estão e já passaram por ali e deixaram sua contribuição, e pedir a Deus que continue abençoando as mesmas a cada dia mais para continuarem sendo exemplo.

Em pleno ano de 2010, a igreja evangélica brasileira está para viver o fechamento de um ciclo de aproximados 10 anos de efervescência, desde o retorno da dança na liturgia. Retorno, porque nos idos do século XIII e até o século XV, a igreja cristã católica romana experimentou algumas benesses da presença da dança em sua liturgia. Contudo, nesse mesmo período, por inúmeras razões sobre as quais seria preciso um estudo à parte, ela estava para abolir essa dança então chamada de carola ou tripudio ou somente dança (numa tentativa de aproximação).

Passados alguns séculos, a igreja vive - nesse caso, a evangélica - um momento parecido (guardadas as proporções espaço-tempo), pois após esse período de muita efervescência e aparente contribuição da dança na liturgia, muitas igrejas e até denominações inteiras têm preferido abolir essa participação ou, em outros casos, simplesmente não deixá-la começar.

Desde as duas últimas décadas do século XX, já se podia perceber um prenúncio do que tem se presenciado nos últimos dez anos, sob o nome de grupo de coreografia, embora a efervescência de tal dança possa ser notada a partir de meados da última década, já no século XXI. É preciso, porém, fazer um recorte histórico para dizer que a arte, ao contrário do que muita gente imagina, sempre esteve presente na história da vida cristã e da igreja. Há inúmeros exemplos no Antigo Testamento sobre a preocupação quanto ao local de culto e celebração ser arquitetado e adornado sob as mãos dos mais habilidosos artistas. Dando um salto para a Idade Média, é fato a participação da arte em todo o contexto da igreja, manifestado não só na arquitetura e no adorno das igrejas romanas, mas também nas festas e celebrações, ainda que sob o contexto negativo vivido pela religiosidade da época.

Com a chegada da modernidade e o crescimento dos movimentos protestantes houve um rompimento nesse processo de participação da arte, sobretudo na igreja de cunho evangelical e posteriormente nas de cunho pentecostal e neopentecostal. A arquitetura tornou-se pobre, toda e qualquer manifestação artística foi abolida e entendida como ardil, do diabo e contrária aos cristãos evangélicos. A revelação, a Bíblia, ocupava a centralidade do culto, porém sob uma leitura muitas vezes fundamentalista e autoritária quanto à sua aplicação doutrinária.

Importante ressaltar que não há aqui nenhuma intenção de protestar contra a Bíblia como centralidade do culto. Na verdade, percebe-se hoje um movimento perigosamente contrário a isso nas igrejas. E, onde a falta de equilíbrio impera, há distorções que conduzem a manifestações de fundamentalismos que desumanizam e afastam a igreja do plano central de Deus, que é o amor.

Na atualidade, período entendido como pós-modernidade ou alta-modernidade ou simplesmente contemporaneidade, após a igreja evangélica se consolidar historicamente e desenvolver inúmeras teologias e doutrinas, vê-se o movimento de retorno às artes com a inserção de algumas manifestações cênicas outrora inimagináveis no seio da igreja - como a dança, por exemplo, além do teatro e do circo. Contudo, esse movimento tem se dado de forma desequilibrada e proporcionado mais repúdio e misticismo do que alteridade, comunhão, fruição e beleza.

A arte cumpre um papel de refinamento e especialização do olhar, entre outras coisas, como o estabelecimento de relações de troca. Como linguagem, colabora na educação, na ampliação da visão e cosmovisão de mundo, devido ao seu caráter de subjetividade que acessa os sentidos do ser humano de forma mais individual, proporcionando a cada indivíduo experiências diferenciadas se comparadas ao senso comum, permitindo ao ser humano sair da obviedade e literalidade, e vivenciar algo além da linguagem dos clichês.

A dança, arte cênica que é o foco desse artigo, presta-se hoje, de modo geral, a criar e desenvolver doutrinas em nome de Cristo, quando se trata de sua manifestação na igreja. Esta, por sua vez, além de não estar afinada com os parâmetros artísticos, possui líderes (especialmente os envolvidos com a “arte) “artistas” que têm sabem lidar com princípios básicos da fé cristã. Há muitas pessoas imaturas, liderando grupos, num pretenso fazer artístico, ensinando conceitos criados por si mesmos, lançando mão de trechos bíblicos fora de contexto para somar autoridade ao seu falar, instando as pessoas a entenderem-no como líderes com palavra profética, levando a liturgia à corrupção.

Ao invés de se somar à liturgia para proporcionar um diálogo com a igreja relativo ao corpo, se contentando apenas em ser e fazer arte, preocupa-se mais em ter e estar, conceitos próprios da contemporaneidade, cooperando tão somente para que a igreja continue percebendo o corpo como elemento de distanciamento entre o cristão e Deus, tendo em vista o corpo num parâmetro dicotomizado, no qual o homem tem corpo e alma atuando de forma diferenciada e não integral como a Bíblia propõe. Apesar da aparente aproximação, provocada pela mística presente nas interpretações coreográficas, estas são recheadas de clichês, de mímicas literais e adereços adicionados aos figurinos que assumem caráter para além do simbólico, quase numa tentativa de cumprir o papel do Espírito Santo, quando propõem uma sacralidade exacerbada dos mesmos, como se eles fossem divinos e tivessem poderes próprios para curar e libertar pessoas ou provocar qualquer ação espiritual.


Infelizmente, o que se vê em grande parcela das igrejas evangélicas no Brasil hoje é a perda da centralidade da Palavra de Deus nos cultos, a substituição da figura de Cristo por outras coisas, a ocupação desse espaço por uma arte esvaziada de conteúdo, que não proporciona outra coisa senão misticismo pernicioso, confusão teológica e doutrinária, principalmente para os novos na Fé. Ainda é preciso dizer que as artes cênicas, sobretudo a dança, têm ambicionado um lugar de destaque que não pertence à arte e sim a Cristo. E que, enquanto esta arte busca status teológico e doutrinário, escondendo atrás do sonho do púlpito uma vaidade velada, perde a oportunidade de proporcionar à igreja o resgate do belo por meio da fruição estética e o acesso à subjetividade, que para a psicologia é o próprio ser humano, e para a teologia está na relação entre criador e criatura.

O século XXI está apenas começando. As artes cênicas podem contribuir para que a igreja venha, nesse século, a romper com o paradigma do corpo e para que tal diálogo aconteça. (Cristo se fez corpo, se fez carne e habitou entre nós - Jo 1:14). Podem contribuir também para uma liturgia rica de elementos sensoriais e o desenvolvimento de uma espiritualidade saudável, que aprecie o belo e saiba retornar isso ao criador, sem que, para tal, tenha que se tornar elemento central ou de maior importância no culto ou na vida da igreja, mas apenas prestar um serviço ao reino de Deus através do dom que Ele mesmo deu.

Renato Júnior

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Contribuição: Vitoria Mereiles é bailarina, integrante do grupo Catavento Dança & Pesquisa, professora de dança contemporânea e preparação corporal para bailarinos, pesquisadora do sistema Laban. Formada também em Teologia pela FATE-BH, é membro da Igreja Batista da Lagoinha, aonde integra a diretoria artística do ministério de artes.

4 comentários:

  1. CONCORDO EM 1.0000000000000000000000000000000000000000000 %

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  2. texto com o seguinte fundamento:
    FAÇA DA ADORAÇAO UMA ESPÉCIE DE FUNERAL

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  3. Eu sou de um grupo de dança e vejo a dança como um louvor e eu concordo porque a honra e glória tem que ser dadas ao Senhor. E como o ministério de louvor está ali para levar o povo a adorar a Deus o grupo de dança tem que estar nesse propósito também.

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