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30 de novembro de 2010

Série Teólogos da Idade Média - Jerônimo Savonarola

 

Jerônimo Savonarola

imageA vida do monge italiano Jerônimo Savonarola (1452-1498), geralmente apresentado como um dos precursores da Reforma do século XVI, abrangeu vários campos da atividade humana na cidade italiana de Florença. Existe, portanto, dificuldade em categorizá-lo. Teria sido ele um reformador, um político, um filósofo ou talvez um legislador?

Neste resumo procurarei traçar um breve perfil histórico de Jerônimo Savonarola, concentrado nos seus anos de maior atuação e influência em Florença, e examinar o posicionamento de algumas de suas idéias, traçando um paralelo destas com a visão de Lutero e Calvino, numa tentativa de discernir se poderíamos classificá-lo como um pré-reformador teológico, como tem sido a tendência nos círculos protestantes.

 

I. Campo de Pesquisa e Propósito

A maior parte do que se escreveu sobre Savonarola aparece na forma de artigos, em enciclopédias ou em trechos de livros que narram a história do período. Livros exclusivos sobre ele, ou compartes extensas dedicadas à sua vida e atuação, são menos abundantes. Uma pesquisa em uma base de dados de 4.200.000 livros, revela apenas 49 livros que trazem Savonarola como o assunto principal ou como um dos assuntos principais. Como contraste, uma pesquisa na mesma base sobre o assunto "Martinho Lutero" apresenta o resultado de 748 volumes. Pesquisa semelhante em algumas bibliotecas brasileiras mostrou a disponibilidade de apenas 10 volumes escritos sobre Savonarola, quase que a totalidade de procedência italiana, nenhum de autor brasileiro, e apenas um desses traduzido para o português.

O livro mais importante sobre a sua vida é, possivelmente, La Storia de Girolamo Savonarola e de’Suoi Tempi, Narrata da Pasquale Villari Con L’aiuto di Nuovi Documenti (1850). O livro fornece considerável informação sobre o pano de fundo histórico dos eventos e contém comentários valiosos sobre a filosofia, teologia e prática homilética de Savonarola. A sua precisão se estende a minuciosos detalhes. O livro de Villari é utilizado quase sem exceção por todos os livros posteriores escritos sobre a vida de Savonarola, firmando-se como um padrão e palavra de autoridade final, e foi o livro de utilização mais ampla neste ensaio.

II. Infância e Formação

Jerônimo Savonarola nasceu em 21 de setembro de 1452 em uma das mais importantes cidades da Itália—Ferrara, na época uma das cortes mais importantes do país, com cerca de 100.000 habitantes. Filho de Niccolo e de Elena Savonarola, Jerônimo foi o terceiro dos sete filhos do casal. Alguns biógrafos o apresentam como uma criança precoce, possuída por uma inteligência superior, mas os trabalhos mais sérios contestam esta visão. "A única marca característica de sua juventude era a sua seriedade", diz Crawford. Aparentemente ele não era uma criança atraente, "… pois não era nem bonito nem brincalhão, mas sempre sisudo e controlado".

Os Savonarolas possuíam profundas raízes na história italiana. Alguns dos ancestrais de Jerônimo estavam registrados nas crônicas, como personagens importantes da história local. O mais importante Savonarola, além de Jerônimo, foi seu avô Michele, conhecido por seu trabalho médico e pelo amor devotado ao neto que se tornaria famoso. A reputação médica de Michele Savonarola levou-o a uma "… cadeira na Universidade de Ferrara e à sua indicação como médico particular de Niccolo d’Este". Por influência de seu avô, Jerônimo foi levado à sua casa e ali estudou medicina até os dezesseis anos. Aplicando-se aos estudos, desenvolveu, em paralelo, um forte senso de devoção que o levaria, no cômputo final, à vida monástica.

Após a morte de seu avô, Jerônimo foi educado por seu pai por dois anos adicionais antes de ser enviado à universidade, onde estudou cinco anos. A vida na universidade foi o seu primeiro contato com o mundo e ali ele se conscientizou dos grandes males da sociedade ao seu redor. A iniqüidade do homem, a corrupção da sociedade, a grande miséria do mundo, eram todas coisas completamente adversas à sua formação. Ele deixou de ver necessidade ou de ter o desejo de dar continuidade aos estudos médicos, mas começou a ansiar por uma dedicação de sua pessoa às coisas de Deus e ao lado espiritual de sua vida. "Desgostoso com o mundo, decepcionado em suas esperanças pessoais, cansado dos constantes erros que observava e para os quais não possuía as soluções, ele decidiu temporariamente dedicar-se à vida no mosteiro…"

Savonarola passou sete anos no mosteiro dominicano de Bolonha. Começou a estudar intensamente a Bíblia e as doutrinas da Igreja. Durante a sua vida no mosteiro, encontrava conforto na oração e no jejum. Logo foi comissionado a instruir os noviços.

Enquanto estudava a Bíblia, Savonarola começou a verificar, em paralelo, os males e a corrupção reinantes na Igreja. Descobrindo a verdade sobre o que ocorria por trás das paredes do mosteiro, Savonarola teve o seu coração tomado por intenso pesar e movido por uma indignação irreprimível, ao verificar a deterioração e corrupção da igreja cristã… O estado do mundo e da Igreja o preencheram com um pesar cheio de horror que só era aliviado através do estudo e da oração.

Savonarola foi se achegando mais e mais à Bíblia ao ponto em que ela se tornou o seu guia inseparável. Em 1481 foi enviado a Ferrara, para pregar. Ali o ditado citado por Jesus de Nazaré (Lc 4.24) foi ratificado e ".. ele parece que causou pouca impressão em sua cidade natal". O seu ministério em Ferrara foi interrompido por uma guerra civil. Isso fez com que se deslocasse até Florença alojando-se no mosteiro de S. Marcos. Durante os próximos anos permaneceria em Florença sem despertar atenção maior. Em 1482 ele foi o orador de uma reunião de Dominicanos. Entre os seus ouvintes estava um leigo ilustre: Giovanni Pico, conde de Mirandola (Pico della Mirandola).

Este foi o momento em que a carreira de Jerônimo Savonarola começou a trilhar o caminho ascendente que o colocaria em destaque junto às outras figuras internacionais do seu tempo.

III. O Cenário Histórico dos dias de Savonarola

No crepúsculo da Idade Média e no limiar da Europa moderna a história foi caracterizada por uma ascensão gradativa da classe média. Progredindo do feudalismo às novas monarquias, a classe média foi adquirindo cada vez mais influência. Por outro lado temos os reis que surgiram em meados do século XV, conhecidos como os Novos Monarcas. Eles estabeleceram um sistema social completamente diferente, no qual as guerras entre os nobres eram suprimidas, a unidade nacional enfatizada e a lei e a ordem eram o objetivo principal.

Nos séculos IX e X as antigas cidades haviam se deteriorado. Os grandes centros comerciais haviam desaparecido e com eles a classe mercantil. Com o desenvolvimento do comércio a longas distâncias os comerciantes iniciaram a formação de bases permanentes. As cidades começaram a emergir, em tamanho e em importância como novos centros comerciais, baseadas em razões econômicas e com o apoio da classe média. Como uma conseqüência natural da base econômica dessas novas cidades, os comerciantes começaram a se envolver na política. O desejo era na direção de um auto-governo e de efetivar a quebra de todos os laços políticos e do poder dos bispos e dos nobres. Muitas dessas cidades tornaram-se completamente independentes, especialmente na Itália, onde prevalecia a falta de unidade política. Algumas delas migraram para uma forma republicana de governo, tornando-se, em essência, repúblicas independentes.

No final do século XIII, a Igreja atingiu o seu ápice administrativo, em riqueza e em poder. Após essa situação, podemos observar um rápido declínio na Igreja Católica Romana, tanto de poder como de moralidade. O declínio de poder foi provocado por um confronto com as forças existentes, externas ao papado. Estas haviam existido por gerações antes do século XIII, mas após esta era tornaram-se fortes demais para permanecerem isoladas nos antigos limites.

Uma causa importante que contribuiu para o declínio moral da Igreja foi a idéia comum que atingiu a administração e que levará a ruína qualquer organização pública. O declínio na moralidade começou com a instituição do papado e rapidamente atingiu todos os ramos e aspectos da Igreja Católica. Assim era a situação da Igreja durante a vida de Savonarola.

IV. O Período de Popularidade de Savonarola

Savonarola começou a adquirir a sua reputação como um profeta de julgamento, chamando os homens ao arrependimento. Sua fama como pregador estava crescendo e, pela intervenção de Pico della Mirandola em 1490 foi chamado por Lorenzo de Médici. A Savonarola foi oferecida a prelazia do Mosteiro Dominicano de São Marcos. Após assumir estas responsabilidades o sucesso de Savonarola foi imediato.

O costume do mosteiro era o de que o novo reitor fosse prestar uma homenagem e demonstrar os seus respeitos e gratidão a Lorenzo, o Magnífico. Savonarola, demonstrando a coragem e determinação que o caracterizariam nos anos seguintes, recusou-se a cumprir com esta prática e disse: Considero que devo minha eleição somente a Deus e a ele, somente, jurarei obediência. Lorenzo ficou profundamente ofendido com este fato. Ele estava esperançoso de contar com a amizade e apoio do frade que despontava como um poderoso pregador e que crescia em popularidade dia após dia. Lorenzo disse: "Vocês viram? Um estranho veio até a minha casa e mesmo assim ele não separa um tempo para me visitar".

Logo Savonarola começou a exercer grande influência entre o povo comum de Florença. Seus sermões proféticos asseguravam-lhe grande popularidade. Seus sermões de condenação dos males da Igreja fizeram com que fosse odiado por uns mas admirados por outros. Ele era severo no julgamento do caráter das pessoas e pregava seus sermões com ousadia, sempre expressando o pensamento de que não temia homem algum.

Rapidamente Lorenzo começou a ressentir-se da influência exercida por aquele monge descompromissado, o qual não se contentando em limitar-se às suas exortações morais, pregava com confiança a vinda de um conquistador estrangeiro, a queda do Magnífico, a precariedade do papa e a ruína do rei de Nápoles.

O papa, na ocasião, era Inocêncio VIII, que ficou conhecido por ser um dos expoentes da corrução do papado. Ele havia sucedido a Sixto IV e possuía um íntimo relacionamento com os Medici de Florença. Um filho natural de Inocêncio havia casado com uma filha de Lorenzo. Em contrapartida, ele havia nomeado um filho de Lorenzo (um adolescente com apenas treze anos) cardeal! Savonarola com freqüência denunciava esta aberração.

Lorenzo de Medici faleceu em 1492, mas antes de morrer havia chamado Savonarola para com ele se confessar. Como uma condição para a absolvição dos seus pecados, Savonarola exigiu que Lorenzo restaurasse a Florença as suas antigas liberdades. Lorenzo não concordou com a condição imposta e Savonarola retirou-se sem absolvê-lo. Nesse mesmo ano ocorreu a morte de Inocêncio VIII sendo ele sucedido pelo Papa Alexandre VI.

O sucessor de Lorenzo foi Piero de Medici e Savonarola revelou ser o homem mais poderoso daquela república. Nessa condição ele começou a profetizar a queda dos Medici e foi bem sucedido em direcionar uma grande parte da população de Florença contra eles.

Savonarola no Poder

No momento em que os franceses deixaram a cidade de Florença, a república viu-se dividida entre três partidos diferentes. O primeiro, dirigido por Savonarola, era o dos Piagnoni, e tinha como principal demanda a formulação de uma constituição democrática. O segundo partido era formado por pessoas que haviam compartilhado o poder com os Medici, mas que haviam se distanciado deles e eram chamados os Arabbiati. O terceiro partido era composto dos seguidores fiéis dos Medici, chamados os Bigi.

Esses três partidos se igualavam em poder. Um governo eficaz, sob o antigo sistema florentino, parecia uma impossibilidade real. Savonarola apresentou a necessidade de formação de um grande concílio no qual todos os cidadãos de Florença estivessem representados.

Esse concílio foi formado e declarado soberano em 1º de julho de 1495. O partido do povo se achava, agora, em pleno controle da situação e a vontade do povo era regida por Savonarola. Tudo parecia conspirar para o aumento da popularidade do pregador e para o acréscimo do seu poder.

Savonarola permaneceria no poder durante os próximos quatro anos. Sua atuação foi marcada por reformas morais, que se seguiram às reformas políticas, já efetivadas. Ele proclamou, em Florença, o "Reino de Cristo" e continuou suas denúncias contra os vícios e a luxúria. Prosseguindo na tradição medieval de pregação, já bem estabelecida, ele apresentava e condenava os males da sociedade florentina. Sua pregação influenciava tanto os ricos como os pobres.

O resultado das pregações de Savonarola foi sentido nas atitudes dos florentinos. Os incidentes conhecidos como as "fogueiras das vaidades," em 1497 e em 1498, refletem a receptividade dos habitantes de Florença às orientações de Savonarola: "grupos de jovens foram organizados para percorrerem a cidade coletando os símbolos da vaidade e do mal para serem destruídos." Esses objetos eram queimados em uma grande fogueira erguida na praça central da cidade.

Muito tem sido escrito sobre estas fogueiras. Alguns livros chegam a apresentar Savonarola como sendo um inimigo reacionário das artes em função do que grandes artistas fizeram, como Botticelli,que "queimou muitas de suas telas". Mas a maioria dos seus biógrafos apresenta Savonarola como um estudioso de amplo entendimento, sendo ele próprio um amante das artes, que não poderia ser culpado dos excessos cometidos nas "fogueiras das vaidades".

A Queda

Era inevitável que esse movimento independente por reformas, apesar de poderoso, viesse a colidir com os interesses e com a política do papado. O Papa Alexandre denunciou Savonarola como herege e interditou suas atividades como pregador. Inicialmente Savonarola obedeceu a determinação, mas finalmente disse que Deus lhe havia revelado que não deveria se submeter a um tribunal corrupto, e continuou a pregar. Começava a surgir, também, a oposição do ponto de vista político fazendo com que o frade viesse a perder grande parte do seu antigo apoio popular.

Um frade dominicano — Francisco de Apulia — desafiou Savonarola a passar pela fogueira junto com ele para ver qual dos dois contava com a aprovação de Deus. Savonarola recusou o desafio, mas um amigo devoto, Frade Domenic Buonvicino, disse que passaria pela prova em seu lugar.Toda a população de Florença recebeu a notícia com expectativa e alegria. No dia 17 de abril de1498 uma plataforma foi erguida na praça pública de Florença. Nela foram colocadas grandes pilhas de madeira, separadas por um espaço estreito, o qual deveria ser atravessado pelos frades, enquanto o fogo consumia as fogueiras.

Uma grande discussão ocorreu quando os dois frades chegaram ao local. Os oponentes de Savonarola não queriam permitir que o frade Buonvicino entrasse no corredor de fogo carregando uma cruz. Insistiam que ele deveria percorrer o trajeto sem qualquer forma de proteção divina. A disputa foi ficando acalorada. As horas que se seguiram são descritas da seguinte forma por JeanC. L. Sismond: Várias horas haviam se passado. A multidão, que havia suportado a longa espera,começou a sentir-se faminta, sedenta e a perder a paciência. Repentinamente uma chuva torrencial caiu sobre a cidade vertendo um fluxo considerável de água dos telhados sobre os presentes. As pilhas de madeira ficaram tão encharcadas que não podiam ser colocadas em fogo. A multidão decepcionada, que havia aguardado com tanta impaciência a manifestação de um milagre, começou a dispersar-se com a noção de que havia sido manipulada. Savonarola perdeu todo o seu crédito e passou a ser considerado, daí para frente, como um impostor.

Nos dias que se seguiram, o mosteiro foi tomado pelos Arabbiati, que se aproveitaram da inconstância da multidão. Savonarola foi preso, juntamente com dois amigos. Juízes foram enviados de Roma por Alexandre VI com a ordem de efetivar a condenação de Savonarola à morte. Iniciou-se um julgamento no qual a utilização de tortura foi freqüente. No dia 23 de maio de 1498, no mesmo local onde seis semanas antes fogueiras haviam sido erguidas antevendo um triunfo, os três monges foram queimados vivos.

V. Análise da Mensagem e Idéias de Savonarola

A. As Profecias de Savonarola

Muitas pregações de Jerônimo Savonarola chamam a atenção pelo seu caráter "profético". Com isso queremos dizer que elas não se constituíam apenas em exposições dos textos bíblicos e aplicação às condições dos seus ouvintes e do seu tempo. A maioria delas vão mais além e representam verdadeiras predições detalhadas de eventos futuros, principalmente aqueles relacionados com Florença — seus dirigentes e seus invasores — e com a instituição do papado. O fascínio da Savonarola com o futuro começou com o seu estudo do livro de Apocalipse e com as pregações sequenciadas realizadas com base nesse livro da Bíblia. Sua pregação nem sempre teve essa característica profética. No início ela era concentrada nas denúncias dos males e na necessidade de arrependimento. "Arrependei-vos!" "O julgamento de Deus não tarda!" "Uma espada está suspensa sobre vossas cabeças!" Todos esses eram temas freqüentes de suas pregações que revelavam intensa sinceridade de coração. Os seus ouvintes, entretanto, começaram a vislumbrar inferências proféticas. As ilustrações e abundantes alegorias passaram a ser rotuladas como sendo "visões", pelos florentinos, que as conectavam com os fatos que haveriam de ocorrer.

Com o passar do tempo, entretanto, começou a julgar-se um profeta no sentido de um recebedor de revelações diretas de Deus. Não obstante estar pregando sobre o livro de Apocalipse, Savonarola não foi alertado para a suficiência, tanto do próprio livro, como da própria Palavra de Deus, e começou a dar crédito às afirmações populares de que era um visionário, passando até a propagar que possuía tais qualificações. Em seus últimos anos ele profetizou de forma incontrolável, acreditava que tinha visões e demonstrou um comportamento mais característico do fanatismo do que aquele que procede de um cérebro equilibrado.

Esse lado "profético" do ministério e vida de Savonarola foi excessivamente enfatizado tanto pela população, como por ele próprio, em seus últimos anos. O mesmo ocorre com vários de seus biógrafos, que o apresentam como tendo essa característica em toda a sua vida de pregador. Realmente a ênfase nas "visões" não representa o aspecto mais saudável da vida de Savonarola, mas concentração nesse aspecto místico desvia o enfoque daquilo que foi o maior mérito do frade:a denúncia dos males da Igreja Católica e as suas reformas políticas moralizadoras locais.

B. Savonarola e Lutero—Reformadores Similares?

Um ponto aparentemente pacífico, mas que clama por uma reflexão, é a classificação de Savonarola como um reformador ou pré-reformador. Savonarola foi um reformador no sentido deque ele batalhou por pureza moral e lutou contra os males sociais de seu tempo. Com relação à igreja, ele conclamava a uma mudança de costumes e práticas. Na esfera política e legal, ele também foi um reformador pois teve o papel principal no estabelecimento de uma nova forma de governo na cidade de Florença, consideravelmente distinta da anterior.

Savonarola, entretanto, não pode ser considerado um pré-reformador ou mesmo um reformador eclesiástico no sentido em que o termo tem sido aplicado a Huss, Lutero ou Calvino. No estrito senso da palavra, um reformador deveria ter contribuído de alguma maneira para o restabelecimento das doutrinas bíblicas, ter tido parte ativa na remoção do entulho das tradições humanas que soterraram as verdades da Palavra de Deus. A questão de restauração doutrinária excede à demonstração de um mero zelo moral e sociológico que se apresentam como as características principais de Savonarola. Ela excede até a expressão de intensa sinceridade pessoal, que ele aparentemente possuía.

É verdade que o frade de Florença é freqüentemente apresentado por seus biógrafos como sendo exatamente um reformador. O exame mais apurado de suas pregações, entretanto, revela realmente o desejo de uma reforma moral, mas não doutrinária. Nesse sentido ele não tem paralelo aos reais reformadores.

Ele não assumiu para si o direito de examinar doutrinas mas limitou seus esforços à restauração da disciplina, à reforma da moralidade do clero, a chamar os padres, bem como os demais cidadãos, à prática dos princípios do evangelho.

Lutero, comparativamente, também mostrou preocupação quanto aos males morais, mas foi à raiz dos problemas e realizou uma reforma doutrinária que afetou a estrutura completa da Igreja Católica. Na visão de Lutero, a Igreja deveria retornar à pureza doutrinária dos dias dos apóstolos. As reformas morais foram uma conseqüência inevitável dessa ênfase, mas não subsistem como causa perene de mudanças. A própria Igreja Católica teve em seus quadros homens de intensa sinceridade e desejo de reforma moral, mas que conviveram pacificamente com os erros doutrinários, como Erasmo de Roterdã.

Savonarola prendeu-se à prática de certos sacramentos da Igreja, tais como a absolvição sacerdotal de pecados. Para fazer justiça à sua memória, devemos registrar que no final de sua vida ele escreveu um folheto sobre o Salmo 51 no qual se aproxima consideravelmente da doutrina bíblica (e protestante) da justificação pela fé, mas aí ele já não exercia tanta influência e no máximo o trabalho registra a sua postura pessoal perante essas verdades. Lutero publicou este folheto com um prefácio elogioso.

Mesmo sem ter iniciado ou tentado iniciar uma reforma doutrinária, os méritos de Savonarola são consideráveis:

– Ele se dissociou completamente da estrutura hierárquica da Igreja Católica Romana e levou consigo aqueles que se colocaram sob sua influência.

– Separando-se da Igreja, naquele época e situação, ele se preservou da contaminação gerada pela corrução e males morais presentes na organização.

– Por utilizar a Bíblia como fonte primária de suas pregações, em vez da tradição da Igreja, ele transmitiu muitos ensinamentos da Palavra aos florentinos, desenvolvendo uma forma eficaz de comunicação e exortação a uma vida moral.

C. Savonarola e Calvino—Legisladores e Pensadores Semelhantes?

Savonarola regeu Florença durante quatro anos. Depois que os franceses se retiraram da cidade e na véspera das grandes reformas políticas que haveriam de ocorrer, Savonarola dirigiu-se ao povo dizendo: "se vocês querem um bom governo, ele tem que ser derivado de Deus". Depois de assumir o poder na prática, Savonarola procurou conservar em mente o que havia declarado. Durante esses quatro anos, sem abandonar seus próprios assuntos sagrados, sem por um momento abrir mão de sua elevada posição como um profeta e mensageiro de Deus, este homem extraordinário estabeleceu o seu sistema de impostos, sua proposta de anistia geral, e, talvez em sua mais importante ação, o seu plano para formação de uma corte jurídica de apelo contra as sentenças do Otto, o corpo de magistrados florentinos que se constituíam nos supremos juízes de todos os casos.

Savonarola foi um legislador competente e intencionou criar em Florença a sua versão moderna de uma teocracia. Por essa razão, ele é freqüentemente comparado com Calvino. A semelhança, entretanto, se restringe à sua capacidade e realizações como legislador.

Doutrinariamente, Savonarola e Calvino diferem consideravelmente. Na melhor tradição de Tomás de Aquino, Savonarola insistia tanto filosófica como teologicamente, na eficácia e necessidade das boas obras e na irrestrita liberdade do arbítrio humano. Sobre essa questão, Villari traz a seguinte citação de Savonarola: "É o livre arbítrio que distingue o homem dos animais". Calvino não concordava com essa visão simplista de diferenciação. Na realidade ele ensinou que o livre arbítrio, no sentido de execução de escolhas, não representa essa distinção, uma vez que os próprios animais escolhem o que é necessário ao seu bem-estar. Comentando o próprio pensamento de Tomás de Aquino, Calvino diz que os da escola de Aquino:

Essa afirmação de Savonarola também contrasta com o ensinamento de Calvino, que, refletindo Paulo e Agostinho, mantém a visão bíblica de que o arbítrio do homem está aprisionado pelopecado71 e somente a soberana graça de Deus atinge aqueles que ele escolheu para a redenção. Sobre essa pretensa autonomia humana, defendida por Savonarola, escreve Calvino:

A exaltação do homem em si mesmo é o trabalho do diabo. Não devemos dar lugar a esses pensamentos a não ser que queiramos ouvir os conselhos do inimigo. É um doce pensamento imaginar que temos tanto poder interno que podemos confiar em nós mesmos! Mas não sejamos enganados por essa confiança vazia; sejamos impedidos pelos trechos numerosos e relevantes, das Escrituras, que totalmente nos humilham.

Existe, portanto, muita necessidade de qualificarmos qualquer paralelo traçado entre Savonarola e Calvino, pois certamente as divergências doutrinárias são fundamentais e não secundárias.

Conclusão

Savonarola foi um reformador político e moral que viveu uma intensa e fascinante controvérsia num período crucial da história. Suas reformas legislativas não sobreviveram a sua própria existência. Seus chamados a uma moralidade de vida sem a base de vidas regeneradas pelo evangelho da graça de Cristo, foram rapidamente sufocados pela pecaminosidade latente dos que o apoiavam, rapidamente transformados em impacientes perseguidores. Sua rejeição da estrutura hierárquica de Roma, por considerações morais, não o levaram a uma reconsideração das doutrinas e desvios de ensino daquela Igreja, tão distanciados das verdades bíblicas.

Savonarola tem o seu lugar de destaque na história, mas sua classificação como pré-reformador ou até como um legítimo reformador ocorre apenas se forçarmos ou romancearmos os registros da história. De modo algum pode ser colocado em paridade com Lutero ou Calvino, que clarificaram as principais doutrinas da Igreja, tornando visíveis e permanentes as distinções que separam os protestantes da tradição Católica Romana.

Podemos até mesmo dizer que Savonarola reconheceu problemas na Igreja e os identificou corretamente, mas não providenciou as respostas, que só poderiam ser extraídas das Escrituras.Lutero e Calvino, por outro lado, fizeram exatamente isso.

 

Parte de trabalho apresentado no Seminário Teológico Batista do Triângulo Mineiro, na Matéria História do Cristianismo II. Renato Jr. - Blogueiro, articulista, teólogo em formação.

29 de novembro de 2010

Parabéns Uberaba Sport Club–USC, pelo Tri-campeonato da Taça Minas Gerais

 

Explode Coração Colorado!!!

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O Uberaba Sport Club, foi campeão ontem da Taça Minas Gerais de 2010, conseguindo desta forma o tri-campeonato (1980, 2009 e 2010). O título foi conquistado para ser mais emocionante, na casa do maior rival o Uberlândia, no Parque do Sabiá.

O gol do título foi marcado aos 35 minutos da etapa complementar. Marcel foi até a linha de fundo e cruzou para Marcinho. Porém, a bola acabou batendo no corpo do zagueiro Matheus, indo para o fundo da rede.

A conquista dá ao Colorado o direito de disputar a Copa do Brasil de2011, a segunda competição mais importante do calendário nacional.

Parabéns também especial aos atletas do Uberaba Sport que são Cristãos, e fazem parte do grupo de atletas de Cristo, alguns destes que frequentam a PIB em Uberaba. A Deus toda Glória!

Por Renato Jr.

28 de novembro de 2010

Silas Malafaia e Edir Macedo: 2º Round… Programa do dia 27/11/2010


O programa Vitória em Cristo desse sábado, dia 27 de novembro, o Pastor Silas Malafaia fez uma retrospectiva de seu ministério, lembrou, fatos históricos, e de momentos em que se posicionou a favor da Igreja Evangélica e lutou contra o projeto de lei 122 e a legalização.

Veja o video do programa deste sábado:

Porém sabemos para quem foi a dirigida o seu rebate!

“Que Deus tenha misericórdia de você e do povo que você lidera!” “Você é teologicamente ignorante”, “Você foi comprado”, “Você vai acertar contas com Deus!”, “Você superfatura o programa da Igreja universal na Rede Record”.

Essas foram algumas das frases usadas pelo Pastor Silas Malafaia para atacar o Bispo Edir Macedo. A discussão começou quando Silas foi ao programa do Ratinho no SBT e criticou Macedo por ser a favor do aborto. O Bispo respondeu com um texto insinuando que o Pastor havia sido comprado por José Serra e agora um a briga dos, provavelmente, mais famosos líderes evangélicos do Brasil ganha um novo episódio.

“Você tem gastado bilhões de dízimos e ofertas do povo de Deus que você tem injetado na sua TV pra promover prostituição, adultério, homossexualismo, sensualidade, assassinato, roubo! A sua TV é um lixo moral!”, Pastor Silas Malafaia.

O interessante é ver o $ilas Malafaia falando do Edir macedo, enquanto ele próprio utiliza-se de seu programa na televisão ou para vender seus produtos, fazer campanha de prosperidade e pedir oferta, ou para apenas criticar.`

Renato Jr. - Blogueiro, articulista, teólogo em formação.

Igreja Vitória em Cristo, do Pastor Silas Malafaia, é fechada devido a violência no Rio de Janeiro

 

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Diante dos conflitos militares que se espalham pela Cidade Maravilhosa, algumas igrejas do Rio de Janeiro fecharam suas portas. Entre elas a Assembléia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) liderada pelo pastor Silas Malafaia que desde a quarta-feira cancelou seus cultos.

A igreja tem vários templos no Complexo do Alemão, Comunidade Vila Cruzeiro e Penha. E exatamente por isso a igreja resolveu não abrir suas portas. O comunicado ao público foi dado na internet na quinta-feira dizendo: “Por questão de coerência o Culto da Vitória de hoje foi cancelado. Mas a igreja permanece em oração.”

Além dos cultos, o evento de consagração do CD “Herança” da cantora Jozyanne que aconteceria na sede da ADVEC também foi cancelado. O show era para acontecer na quarta-feira (24), e terá uma nova data remarcada.

Em seu micro blog o líder da AD Vitória em Cristo se pronunciou sobre o caso. “Vamos estar orando pelo RJ. A violência é grande, mas nosso Deus é maior! Que Deus guarde cada um de nós e nos livre dos homens maus”, disse o pastor Silas Malafaia.

Segundo informações, os cultos de domingo estão confirmados, até o fechamento dessa matéria as programações do dia 28 acontecerão normalmente.

Não é só o andamento dos cultos que essa guerra urbana entre policias e traficantes atrapalha, as aulas foram suspensas na zona norte e oeste da cidade e mais de 40 mil alunos ficaram sem aulas. Os comerciantes locais também estão sendo atingidos, pois com receio de ataques dos traficantes, muitos optaram em fechar as portas.

São mais de seis dias de conflitos no Rio de Janeiro, os ataques, que começaram na tarde do último domingo (21), seria uma retaliação dos bandidos à criação das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), que levaram o policiamento a várias comunidades cariocas antes dominadas pelo tráfico de drogas. Até o momento mais de 30 mortes foram confirmadas.

Fonte: Gospel Prime – Divulgação: Blog Renato Jr.

25 de novembro de 2010

Unção da Fronha com “Mestre Camilo na Igreja Internacional da Graça

Há alguns meses atrás eu li uma postagem do Púlpito Cristão, que falava sobre essa bizarrice. No entanto o assunto volta a tona pra mim, quando hoje ao ouvir a rádio, ouço uma propaganda da Igreja Internacional da Graça de Deus, convidando a todos a participarem da “Grande Concentração” com o “Mestre Camilo” aqui na cidade de Uberaba-MG. Ainda fazem o alerta, não deixem de vir e pegar a fronha unginda. Quando eu acho que já ouvi tudo, me aparecem com mais essa. A competição entres os telepastores é tamanha que um inventa o travesseiro ungido, o outro contra ataca com a fronha, ONDE VAMOS PARAR!!!

São grandes mesmos essas concentrações, nunca se viu tanta gente junta proferindo heresias. O “Mestre Camilo” é um grande mestre, tem mestrado em enganacionismo, é PHD em profetada.

Esse mesmo “mestre” é autor da bala ungida. Como meu amigo do Blog Bereiano, fico na dúvida se “toco”  ou não "toco" no 'ungido'?

Quem não conhece a frase "conto do vigário?", pois é, a tristeza é justamente porque já existe o"conto do pastor" ou "conto do ungido".

 

aspasEstes são manchas em vossas festas de caridade, banqueteando-se convosco e apascentando-se a si mesmos sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos de aspasuma para outra parte; são como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas;" como nos diz Judas.

 

O video a seguir é uma deixa do Leonardo do PULPITO CRISTÃO.

 

aspasPorque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não éaspas muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras." 2Co 11.13-15.

 

Renato Jr. - Blogueiro, articulista, teólogo em formação.

23 de novembro de 2010

Pregador Luo (Apocalipse 16) - "Nova África Celestial"

 

Piscina usada por saqueadores romanos é encontrada em Jerusalém

 

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Ao escavar o terreno onde será construído um novo local para banhos judeus em Jerusalem (Israel), arqueólogos descobriram uma piscina que já pertenceu à legião romana. A mesma legião que saqueou Jerusalém cerca de 1.800 anos atrás.

A descoberta lança uma nova visão sobre a cidade de Aelia Capitolina que os romanos construíram em Jerusalém depois de expulsar os judeus da região e tomar-lhes o poder.

O diretor da escavação, Ofer Sion, disse que o local ajuda a provar que Aelia Capitolina era maior do que se pensava anteriormente.

Jerusalém é uma das cidades mais escavadas no mundo devido a sua riqueza histórica, e rotineiramente arqueólogos são enviados para examinar locais próximos a projetos de construções atuais.

Homem trabalha em sítio arqueológico em Jerusalém, onde foi encontrada piscina usada por soldados de legião romana

Durante a fiscalização que revelou a piscina, na parte antiga de Jerusalém, eles encontraram degraus que levavam a uma ala com mosaicos brancos no chão e centenas de telhas de terracota dispostas no telhado.

As telhas estavam gravadas com o nome da unidade romana -- a Décima Legião-- que construiu o lugar.

Sion acha que a piscina fazia parte de um complexo muito maior, onde milhares de soldados já se banharam.

Depois do achado arqueológico, a administração de Jerusalém disse que vai dar continuidade à construção do banho judaico onde será realizado o mikveh, um ritual de purificação segundo a religião judaica.

Segundo o órgão Autoridade de Antiguidades de Israel, os restos do balneário romano serão incorporados ao projeto atual.

 

Divulgação: Blog Renato Jr.  fonte: Folha/UOL

22 de novembro de 2010

Homenagem aos músicos, adoradores ou não!

 

 

Aquele que professa a arte da música, tocando, compondo peças, regendo, ou cantando. Aquele que faz parte da banda, da orquestra, do grupo, do conjunto ou do coro. A música é a arte celestial de se combinar sons de maneira agradável ao ouvido. Em qualquer composição musical, execução de qualquer peça musical por uma corporação de músicos. A música tanto mais rica será quanto mais pura seja a intenção da mente do musico.

O músico é, em termos históricos, sociológicos, estéticos, filosóficos, um repositório do seu universo sócio-cultural. Não apenas um reflexo, mas, sobretudo, um co-partícipe. Assim, o músico evoca uma posição de responsabilidade: sua música tem o poder de elevar, inspirar, comover, ADORAR e EXALTAR a Deus. Sua meta mais sublime será a de despertar os mais nobres sentimentos. E o fará através do domínio da arte, doando a sua obra musical - fruto da criatividade - ao acervo da comunidade.

Quando faço essa homenagem, a faço a todos os músicos, quer sejam cristãos ou não, adoradores ou não. Hoje é dia do músico, não do adorador. Dia do adorador, é todo dia, e é para todos nós, cristãos.

Cresce a cada dia a quantidade de bandas e artistas cristãos que fazem sucesso no meio secular sem perder o teor cristão nas letras de suas músicas. Bandas conhecidas e estrangeiras como: P.O.D, Switchfood, entre outras, fazem sucesso enorme nas rádios seculares quebrando o limite entre o que é música gospel e o pop.

Aqui no Brasil essa tendência vem crescendo consideravelmente e agradando os ouvidos dos cristãos enjoados da explosão dos grupos de louvor e adoração e apreciadores de um som de qualidade.

A própria bíblia apresenta uma riqueza de temas tratados em diferentes abordagens como a poesia, provérbios e canções. Ao lermos Salmos, Eclesiastes, Provérbios e outros livros encontramos esta pluralidade.

 

A todos os músicos PARABÉNS!!!

 

Renato Jr. (não sou músico, mais toco algumas notas no violão, aprecio uma boa música, e diariamente adoro ao Deus de toda GRAÇA!)

20 de novembro de 2010

Crentes Fingidos…

 

Fingir...

DEUS AMA QUEM DÁ COM ALEGRIA 2 Coríntios 9:7

 

Os africanos, pela sua cultura são um povo alegre, festivos,e quando se convertem trazem para a igreja sua cultura festiva, o que não tem, nada de errado, pois na Bíblia o Rei Davi, pulou, dançou, festejou (talvez não com a desenvoltura do irmão acima) na presença de Deus, ao ponto da própria esposa se escandalizar com o 'estilo' de dança que ele usou, e ao comentar com 'desdem' isso, ela recebeu uma maldição

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Sabemos que muitos africanos vivem debaixo do jugo da bruxaria, superstições, feitiços, servem aos espíritos malígnos, mas.......quando se convertem ao Evangelho de Jesus Cristo, expressam esta libertação, cura e principalmente sua salvação desta forma

O Senhor Jesus disse: Aquele que é mais perdoado, esse ama mais, e aquele que é pouco perdoado, esse ama pouco Lucas 7:47, sendo assim, que considera mais o perdão, a salvação de Deus na sua vida este se expressa mais, como no caso aqui

"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria." 2 Coríntios 9:7

Mas quem sabe, o irmãozinho acima não tenha 'exagerado' só um pouquinho para aparecer no youtube ou na filmagem ?

Fonte: Pastor Afonso via Blog da Leilahh

Divulgação: Blog Renato Jr.

Honestidade sem preço! Sem-teto devolve US$ 3,3 mil achados em mochila nos EUA

 

'Nem todo mundo que vive nas ruas é um criminoso', disse Dave Talley.
Estudante dono da mochila disse que juntava dinheiro para comprar carro.

Dave Telley, que vive nas ruas há 7 anos, decidiu procurar dono do dinheiroDave Telley, que vive nas ruas há 7 anos, decidiu procurar dono do dinheiro (Foto: Reprodução)

Num mundo onde tantas vezes a vilanagem e o oportunismo desonesto são campeões, ainda vão existindo casos onde aintegridade de caráter daqueles que preferem viver condignamente consigo mesmo e o próximo merece realce.

Um homem que vive nas ruas de Tempe, no estado americano do Arizona, encontrou uma mochila numa estação de trem contendo US$ 3,3 mil (cerca de R$ 5,6 mil) e resolveu devolvê-la ao dono.

Dave Talley teve um encontro nesta sexta-feira (19) com o dono do dinheiro, um estudante identificado por um serviço de achados e perdidos onde o sem-teto devolveu a mochila.
O morador de rua, que disse ter problemas com drogas e ter perdido a casa onde vivia há sete anos, admitiu que pensou em ficar com o dinheiro, mas se arrependeu e resolveu tentar devolvê-lo ao dono.

“Nem todo mundo que vive nas ruas é criminoso. Pensei que não era meu dinheiro”, disse.
O estudante Brian Belanger disse que já tinha perdido a esperança de reaver a mochila, cinco dias após ter perdido, quando recebeu a notícias de que havia sido devolvida, e com o dinheiro.
“Essa é a coisa mais impressionante que eu já vivi. É uma lição que nos faz manter a fé nas pessoas, não importa em que circunstâncias estejam”, disse Belanger.

Renato Jr. - Blogueiro, articulista, teólogo em formação.

Fonte: g1.com

19 de novembro de 2010

A melhor cobrança de penalti do mundo!

 

Produtora alemã lança jogo de RPG com temas bíblicos

 

 

A Bíblia também virou entretenimento lúdico. Uma produtora de jogos alemã, chamada FIAA GMBH, vem desenvolvendo um RPG on-line baseado nos textos e cenários bíblicos. O novo game, batizado The Bible Online, é inspirado no livro de Gênesis.

O primeiro de uma série de capítulos da aventura foi lançado como piloto, em setembro passado, sob o título Heroes (Heróis). Nessa fase, os jogadores deverão cumprir as missões de Abraão em busca da Terra Prometida (Canaã). Para isso, terão de construir e manter suas tribos nômades, prover os recursos e alimentos, além de entrar em batalha com outros povos tribais até chegar ao destino traçado.

Para iniciar o jogo, também disponível em inglês, basta fazer um cadastro gratuito no sitewww.bibleonlinegame.com .

Com informações do Guia-me. Divulgação: Blog Renato Jr.

Universidade Mackenzie: Em defesa da liberdade de expressão Religiosa.

 

A Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente “homofóbico” veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo “homofobia”, que pretende aplicar-se tanto a assassinos, agressores e discriminadores de homossexuais quanto a líderes religiosos cristãos que, à luz da Escritura Sagrada, consideram a homossexualidade um pecado. Ora, nossa liberdade de consciência e de expressão não nos pode ser negada, nem confundida com violência. Consideramos que mencionar pecados para chamar os homens a um arrependimento voluntário é parte integrante do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Nenhum discurso de ódio pode se calcar na pregação do amor e da graça de Deus.

Como cristãos, temos o mandato bíblico de oferecer o Evangelho da salvação a todas as pessoas. Jesus Cristo morreu para salvar e reconciliar o ser humano com Deus. Cremos, de acordo com as Escrituras, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Somos pecadores, todos nós. Não existe uma divisão entre “pecadores” e “não-pecadores”. A Bíblia apresenta longas listas de pecado e informa que sem o perdão de Deus o homem está perdido e condenado. Sabemos que são pecado: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, rivalidades, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias” (Gálatas 5.19). Em sua interpretação tradicional e histórica, as Escrituras judaico-cristãs tratam da conduta homossexual como um pecado, como demonstram os textos de Levítico 18.22, 1Coríntios 6.9-10, Romanos 1.18-32, entre outros. Se queremos o arrependimento e a conversão do perdido, precisamos nomear também esse pecado. Não desejamos mudança de comportamento por força de lei, mas sim, a conversão do coração. E a conversão do coração não passa por pressão externa, mas pela ação graciosa e persuasiva do Espírito Santo de Deus, que, como ensinou o Senhor Jesus Cristo, convence “do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8).

Queremos assim nos certificar de que a eventual aprovação de leis chamadas anti-homofobia não nos impedirá de estender esse convite livremente a todos, um convite que também pode ser recusado. Não somos a favor de nenhum tipo de lei que proíba a conduta homossexual; da mesma forma, somos contrários a qualquer lei que atente contra um princípio caro à sociedade brasileira: a liberdade de consciência. A Constituição Federal (artigo 5º) assegura que “todos são iguais perante a lei”, “estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença” e “estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Também nos opomos a qualquer força exterior – intimidação, ameaças, agressões verbais e físicas – que vise à mudança de mentalidades. Não aceitamos que a criminalização da opinião seja um instrumento válido para transformações sociais, pois, além de inconstitucional, fomenta uma indesejável onda de autoritarismo, ferindo as bases da democracia. Assim como não buscamos reprimir a conduta homossexual por esses meios coercivos, não queremos que os mesmos meios sejam utilizados para que deixemos de pregar o que cremos. Queremos manter nossa liberdade de anunciar o arrependimento e o perdão de Deus publicamente. Queremos sustentar nosso direito de abrir instituições de ensino confessionais, que reflitam a cosmovisão cristã. Queremos garantir que a comunidade religiosa possa exprimir-se sobre todos os assuntos importantes para a sociedade.

Manifestamos, portanto, nosso total apoio ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil publicado no ano de 2007 e reproduzido parcialmente, também em 2007, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por seu chanceler, Reverendo Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Se ativistas homossexuais pretendem criminalizar a postura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, devem se preparar para confrontar igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil, as igrejas evangélicas de todo o país, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Judaica do Brasil e, em última instância, censurar as próprias Escrituras judaico-cristãs. Indivíduos, grupos religiosos e instituições têm o direito garantido por lei de expressar sua confessionalidade e sua consciência sujeitas à Palavra de Deus. Postamo-nos firmemente para que essa liberdade não nos seja tirada.

 

Este manifesto é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro.

Para ampla divulgação.

18 de novembro de 2010

Noivo Neurótico!

 

Depois de oito anos de “perseguição” da sogra, o noivo se revolta bem na hora do casamento... (Oh papel minha sogra)

Eu amo os homossexuais!!!

 

A príncipio pelo título alguns podem ter se questionado, não se preocupem é o nosso censo crítico moldado pelos dogmas os quais nos foram implantadas. A idéia totalmente equivocada de que se sou crente não posso amar o homossexual. Não estou falando do amor “eros”, mais do amor Ágape ou phileo.

Amar o homossexual não é o mesmo que amar o homossexualismo. Devemos exortar, e sermos contra o pecado, mais amar como Cristo o Pecador.

Os amos por um simples motivo, porque Deus os amou primeiro, pois antes de tudo Deus os viu mesmo informe e os escolheu, e o mesmo mundo que rejeitou o JESUS, MESSIAS, REDENTOR, rejeitou também a esses, rejeitou o tamanho sacrifício que ELE fez por amor a TODOS, pois ELE nos amou.

Isso é incrível, ELE nos amou mesmo com todas as imperfeições, com todas as falhas, com todos os erros, ELE nos AMOU, ELE simplesmente nos amou!

O preconceito de muitos crentes, infelizmente, leva-os a uma postura de completa ignorância a respeito do homossexualismo e de como lidar com os homossexuais que se convertem a Cristo. Por isso, muitos homossexuais sofrem calados depois de sua decisão por Cristo. Apesar de precisarem muito de apoio, acabam se fechando por falta de amor cristão firme e compassivo. Esses dois traços do amor têm que estar presentes, tanto a firmeza quanto a compaixão.

Nenhum homossexual ao converter-se pode ficar fora do convívio da igreja, mas deve submeter-se à orientação pastoral para seu próprio bem-estar espiritual, emocional e social.

Não olhe para estas pessoas com os olhos de Cristo: elas são como ovelhas sem pastores, são seres humanos como nós, não são ETs. Não olhe para elas com ar de reprovação, mas de amor e misericórdia.

Não seja preconceituoso: Jesus nunca se importou com o que a pessoa era ou deixava de ser, assim como a mulher samaritana, a prostituta, e outros, mas a sua preocupação sempre foi ajudar esta pessoa num todo.”O que queres que eu te faça?”. Jesus combatia o pecado e não o pecador. Lance todo o preconceito de lado.

Não aponte ao homossexual apenas o seu pecado de Homossexualismo de imediato: Em momento algum mencione o pecado que está em evidência. A pergunta é a seguinte: Será que o pecado desta pessoa é somente o ser homossexual? Claro que não. Ela mente, trai, suborna, fala mal dos outros, ira-se com facilidade. Será que você se identificou com alguns destes pecados? Resumindo: Você não é melhor do que ela. Não coloque-se na posição de juiz, mas de conselheiro; não seja acusador pois este é o papel do diabo, apenas o instrua segundo a palavra de Deus. Jesus disse a mulher prostituta: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Nem Eu tampouco te condeno; vai e não peques mais. Somos agentes de salvação, não de destruição.

Não se precipite: Geralmente quando estas pessoas aceitam a Cristo, logo querem que fale grosso, deixe seus trejeitos, providenciam uma namorada para ele, não é mesmo? Isso não funciona. Esta pessoa lutará para sempre com este pecado. Caso ela não queira casar-se, qual o problema? O grande problema é se ela não quiser mudar de atitudes, não viver em santidade; e santidade é um processo, ou você deixou de mentir automaticamente, ou deixou de olhar para a mulher dos outros num passe de mágica? Não será você que vai convencê-la do seu pecado, mas o Espírito Santo. Sua função é continuar pregando.

Renato Jr. - Blogueiro, articulista, teólogo em formação.

Fontes: Foram utilizadas algumas idéias do projeto Evangeliza Brasil.

Homofobia Não! Mordaça também não!

 

 

O que alguns jornalistas e meios de comunicação ainda não perceberam é que a aprovação da Lei da Homofobia, atinge diretamente eles também. Pois se um jornalista, escritor, autor, ator, fizer qualquer manifestação contrária ao homossexualismo será punido.

Devemos respeitar a todo ser humano, mais não se pode confundir respeito com concordância. Posso respeitar o próximo, nas suas escolhas, sejam elas político-partidárias, religiosas, esportistas, mais não preciso concordar com sua opinião e opção. No estado livre, democrático o que se preza é o livre direito de escolha e opinião.

Tenho amigos homossexuais, os quais respeito, o que não significa que concordo com a homossexualidade. Sou totalmente contra qualquer tipo de violência, podemos muito bem convivermos em sociedade respeitando-nos mutuamente, até mesmo porque diante da lei todos somos iguais. O que causaria distinção seria a aprovação da Lei da Homofobia que deixaria uns em situações de privilégios em diante dos outros.

Penso que discordar faz parte de um País laico e, um tanto quanto, eclético! Não é preciso ficar tentando se igualar, forçando uma situação! Por outro lado, os que são contra a opção homossexual, devem respeitá-los, não discriminá-los, da mesma forma que esperam o mesmo respeito!

Volto a afirmar que garantir direitos em detrimento de outros direitos, não me parece a melhor solução!

Perceba que não se trata, apenas, de conceitos religiosos, mas de busca de garantias de interesse público e não de determinado público!

 

Renato Jr. - Blogueiro, articulista, teólogo em formação.

Entrevista do Pr. Ricardo Gondim, a revista Cristianismo Hoje, onde não poupa desabafo sobre acusação de heresia

 

Fim de culto na Betesda. A igreja ocupa um imenso galpão na zona sul de São Paulo. Ricardo Gondim chama um dos pastores para fazer a oração final e deixa a plataforma a passos rápidos enquanto a congregação está de olhos fechados. No entanto, em vez da saída à francesa, ele opta pela “versão Ceará”, postando-se à porta do templo para cumprimentar as pessoas. Tudo como manda o mais autêntico figurino presbiteriano. Posa para fotos, autografa livros e distribui sorrisos e abraços para aos que se comprimem à sua volta.

Para desapontamento de inúmeros desafetos, o escritor e pastor parece revestido de uma espécie de couraça contra os rótulos que lhe são atirados com freqüência. “Arrogante”, “herege”, “polêmico” e “mundano” são apenas alguns, digamos, publicáveis. Após receber muitos protestos sobre as supostas heresias defendidas por seu articulista, a revista evangélica Ultimato se pronunciou no ano passado (edição 308) usando dois adjetivos sobre os textos de Gondim: “Apreciados” e “saudáveis”.

Um rápido exame nas dezenas de textos de seu visitadíssimo site já é suficiente para identificar algumas preferências pouco (ou nada) ortodoxas para um líder pentecostal. De Vinicius de Moraes a Lenine, a lista para lá de eclética inclui nomes como Almodóvar, Rubem Alves e Simone Weil. Com o fôlego de quem correu onze maratonas e dezesseis vezes a São Silvestre, Gondim revela que a corrida funciona como espécie de exorcismo para ele e para os amigos que o acompanham. “Após vários quilômetros percorridos, costumamos dizer que suamos vários demônios”, graceja.

Confira abaixo a entrevista concedida à revista Cristianismo Hoje

Agora em maio, duas grandes catástrofes – o ciclone em Mianmar e o terremoto na China – assustaram o mundo e novamente levaram os crentes a pensar sobre as razões do sofrimento humano. Como o senhor, que na época do tsunami ocorrido na mesma Ásia em 2004 causou polêmica com um artigo sobre as tragédias, analisa a questão do sofrimento humano diante da existência de um Deus que se apresenta ao homem como pleno de amor?

RICARDO GONDIM – Discordo da explicação fundamentalista de que “todas as tragédias são provocadas pelo pecado original”. É um simplismo cruel e inútil. Como escrevi inúmeras vezes, não consigo acreditar numa divindade que tudo ordena e orquestra. Em Os irmãos Karamazov, de Dostoievski, Ivan diz num certo momento: “Há uma coisa no Universo que clama: o choro de uma criança”. O Deus da Bíblia não é sádico de provocar a morte de milhares de vidas. Exatamente pelo fato de Deus ser amor, ele possibilita a felicidade e a infelicidade. Nossas escolhas, decisões e articulações sociais interferem nos resultados. Ao mesmo tempo, a vida é trágica e feliz. Deus é sempre parceiro do homem nessa busca de tornar a vida mais intensa e prazerosa. Como afirma André Comte-Sponville, “somos os únicos seres do Universo que podem humanizar ou desumanizar”.

Na época do tsunami, teólogos se insurgiram contra alguns de seus textos, desfiando uma série de argumentos. Hoje, o senhor é mestrando em ciências da religião na Universidade Metodista. É importante estudar teologia?

Depende de como você entende a teologia. Deus não pode ser dissecado. Como disse Paul Tillich, “Deus está além de Deus”. Entendo teologia como o estudo e a maneira como organizamos nossa vida a partir da compreensão que temos de Deus, ou, lembrando Rudolf Otto, do nosso “encontro com o sagrado”.

Mesmo entre as pessoas que não professam nenhuma religião, a sucessão de fatos trágicos e de episódios de crueldade humana explícita, como o assassinato da menina Isabella Nardoni, sugerem que algo muito grave e de contornos ainda indefinidos esteja acontecendo. O atual recrudescimento da brutalidade humana aponta a proximidade dos eventos escatológicos bíblicos ou são apenas novas expressões de um quadro que sempre houve?

Todos esses fatos recentes são apenas expressões de algo que sempre aconteceu. Repare que, ao longo da história, foram comuns perseguições contra judeus, hereges, escravos... A própria Reforma Protestante foi um episódio violento. Em Casa grande & senzala,Gilberto Freyre discorre sobre o que algumas senhoras faziam por ciúme da beleza das escravas. Quebravam-lhe os dentes com chutes ou mandavam-lhes cortar os peitos. De certa maneira, creio que o que aumentou foi o nível de intolerância social à brutalidade – por isso a comoção e a revolta provocadas por esses episódios.

Quando foi a última vez que o senhor chorou?

Na semana passada, durante reportagem na TV sobre o terremoto da China. Depois de quatro dias, conseguiram resgatar uma criança com vida. Um pai tentou invadir a ambulância ao imaginar que era seu filho. Chorei ao ver o desespero daquele homem.

Quais são as principais diferenças entre o Ricardo Gondim de hoje e aquele que começou o ministério há três décadas?

Eu era um homem com um idealismo ingênuo. Não sabia diferenciar ilusão e encantamento. Ilusão é baseada em fantasias; já o encantamento nasce da observação da realidade. Continuo encantado com o Evangelho, com “E” maiúsculo.

Então, quem é Ricardo Gondim?

Um homem introspectivo e nostálgico. Gosto de ambientes intimistas e tenho profunda necessidade de estabelecer relacionamentos significativos, sem trocas ou quaisquer tipos de interesses.

Nos últimos cinco anos, o senhor tem se notabilizado como um crítico do segmento evangélico. Iniciativas como o blog Outro Deus e a maciça produção de textos nesta linha têm marcado seu ministério. Até que ponto isto se confronta ou complementa sua atuação pastoral?

Comecei a escrever pelo fascínio da própria literatura, cuja excelência intrínseca é maior que a da oralidade. Esse exercício adensa pensamentos e complementa idéias que surgiram nas mensagens. Todas as semanas posto textos inéditos e meu site recebe cerca de 1.400 visitantes por dia e mais de 1,5 mil e-mails por mês.

Em seus pronunciamentos recentes, o senhor revela a vontade de afastar-se de tudo e chega a sugerir que as pessoas não compareçam sequer aos eventos que promove. No entanto, o senhor continua participando e promovendo eventos destinados ao público evangélico e permanece na direção da Betesda – uma igreja com corte social de classe média urbana, presença na mídia e atuação institucionalizada, como tantas outras denominações cuja existência legitimam suas críticas. Não é um paradoxo?

É preciso definir os acampamentos. Há um movimento evangélico que mostra ter exaurido as forças. Alguns sinais dessa exaustão são a falência ética e as campanhas constantes para trazer pessoas à igreja. Para mim, agenda cheia demonstra fraqueza. Para fidelizar o público, há gente buscando atrações cada vez mais fantásticas. No caso da Betesda, é explícita a posição de não repetir modelos falidos e teologias engessadas da década de quarenta. O que faço hoje são eventos voltados para a própria igreja. Recentemente, decidi suspender o Congresso de Reflexão e Espiritualidade, voltado basicamente para pastores, que acontece há vários anos. E não compactuo com nenhum messianismo do tipo “impactar a nação por meio de eventos”.

Falar de gigantismo e inchaço da Igreja brasileira tornou-se atitude recorrente nos últimos 20 anos, período no qual a população evangélica do país quase triplicou. Quais são, na sua opinião, os efeitos de tal avanço? Existem premissas equivocadas na tradição evangélica e na práxis desta Igreja?

Alguns efeitos são perigosíssimos. A Igreja passou a ser vista como outra força, entrando na disputa de poder. O crescimento acentuado enfraqueceu o zelo pelo conteúdo da mensagem. Isso promoveu sentimentos de ufanismo e triunfalismo desmedidos. Mas não ocorreu avivamento. O que aconteceu foi uma confluência de fatores sociológicos que explicam o crescimento do rebanho. Não é necessário enfatizar princípios espirituais para explicar o aumento do número de evangélicos.

O movimento da Igreja emergente, que tem ganhado força nos EUA, começa a influenciar lideranças no Brasil. Qual é o seu posicionamento acerca dele?

Depois de muitos anos de crescimento do fundamentalismo, nomes como Brian McLaren, Rob Bell e o próprio Phillip Yancey representam um certo ar fresco na ambiência evangélica dos Estados Unidos. Ainda assim, vejo o movimento como algo norte-americano, sem diálogo com outras tradições cristãs ao redor do mundo.

A dinâmica dos grupos pequenos cresce no contexto do Evangelho urbano. Eles vão representar necessariamente a extinção das grandes igrejas?

O futuro mais lúcido da Igreja Evangélica está nos pequenos grupos. As instituições não vão acabar; porém, não serão solo fértil para as grandes inovações. Enquanto as grandes igrejas repetem clichês, pessoas reunidas em grupos menores vão experimentar o enriquecimento da alma.

Quais foram os motivos da recente divisão ocorrida na Igreja Betesda, cujo núcleo em Fortaleza, no Ceará, desligou-se da sede em São Paulo?

Não houve desligamento de São Paulo. O que aconteceu foi uma divisão dentro da Betesda de Fortaleza. Um grupo alegou que minhas propostas teológicas eram “incompatíveis”. No entanto, na realidade tratava-se apenas de disputa interna de poder. Na época, a igreja perdeu alguns líderes e cerca de 40% dos membros.

Igrejas pentecostais como a Assembléia de Deus, à qual o senhor foi ligado, foram durante muito tempo estigmatizadas devido ao perfil de sua membresia, prioritariamente formada por pessoas dos estratos sociais mais populares. De acordo com sua observação, essa visão ainda persiste?

Um dos fenômenos comprovados em relação aos pentecostais foi a ascensão social do segmento. Obviamente, isso trouxe benefícios e problemas. A produção teológica e literária é um fator positivo. Por outro lado, muitas pessoas passaram a se comportar como os demais estratos da população, supervalorizando o status e outros sinais de riqueza. Daí para a teologia da prosperidade pregada pelos neopentecostais a distância foi curta.

“Ao tentar transformar-se em ciência, a teologia só conseguiu produzir uma caricatura do discurso racional, porque essas verdades não se prestam à demonstração científica.” As palavras são de Karen Armstrong, autora do livro Em nome de Deus – O fundamentalismo no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo. Qual a face mais aguda do fundamentalismo no Cristianismo de hoje?

O fundamentalismo confunde fé com aceitação de conceitos doutrinários. Seus defensores acreditam numa verdade que pode ser totalmente abraçada a partir de certas lógicas. Crêem chegar a uma verdade plena, fechando-se ao diálogo.

Quem são, hoje, as lideranças e pensadores que influenciam sua atuação ministerial?

Além da ala “emergente” (Bell, McLaren), tenho lido autores católicos latino-americanos, como Juan Luis Segundo. Gosto bastante também das obras do espanhol Andrés Torres Queiruga, além de teólogos judeus como Jonathan Sacks e Abraham Heschel.

Ideologicamente, como o senhor se define?

Sou um pensador independente, de esquerda. Não acredito no neoliberalismo capitalista. Ele produz os excluídos. O Evangelho defende os pobres e os marginalizados.

O senhor é um autor bastante apreciado pelos crentes brasileiros. Qual sua opinião sobre a literatura evangélica em nosso país?

A produção literária evangélica é deficiente. A razão é o freio dogmático que gera pessoas mais preocupadas com a defesa da fé do que em produzir literatura.

Quais os autores que mais o influenciam?

Entre vários escritores que fazem parte da minha vida, posso citar José Lins do Rego, Machado de Assis, Thomas Mann e Victor Hugo. O clássico Os miseráveis é uma das minhas obras favoritas.

Lançado em 1998, É proibido é um de seus livros mais vendidos. Dez anos depois dele, o que a Bíblia permite e a Igreja ainda proíbe?

A Igreja brasileira ainda não soube, por exemplo, lidar com a questão do álcool. Os conceitos lembrados remetem à Lei Seca dos Estados Unidos. Portugal já resolveu essa questão de forma equilibrada há muito tempo e ninguém fica escandalizado ao ver um cristão tomar vinho.

E a relação do povo evangélico com a arte, por exemplo?

É esquizofrênica e mal-resolvida. Dicotomizaram as manifestações artísticas em “sacra” e “profana” – mas não fazemos essa mesma distinção na hora de ler um texto. Em resultado disso, os cristãos sofrem empobrecimento generalizado na hora de saborear e desfrutar da vida. As expressões mais belas de uma geração estão em sua produção artística.

No ano passado, a Editora Ultimato publicou Eu creio, mas tenho dúvidas, obra que traz vários de seus artigos. Quais são suas principais dúvidas e inquietações?

Reflito com freqüência sobre a banalidade da vida. Basicamente, essas reflexões são ressonâncias do livro de Eclesiastes: nem sempre o justo prevalece, nem sempre o forte vence, nem sempre a vida faz sentido...

Em mensagem pregada recentemente, o senhor afirmou que às vezes lhe vêm à mente pessoas que o machucaram, e confessou ter mágoa de algumas delas. Como é esse sentimento?

Tenho mágoa de pessoas que lidaram comigo a partir de rótulos e preconceitos. Tenho mágoa de pessoas que foram intelectualmente desonestas comigo, tentando desconstruir meus textos sem sequer ler as referências. Tenho mágoa de pessoas que me chamaram de “herege” e “apóstata”, uma verdadeira perversidade de gente que não conhecia toda a extensão das questões em debate.

Data: 18/11/2010 08:24:40
Fonte: Cristianismo Hoje

Divulgação: Blog Renato Jr.

17 de novembro de 2010

Socorro, quero um culto velho – A força da ignorância (ou: socorro, não aguento mais cantar corinhos!)

 

Temos vivido tempos onde as mazelas gospel estão rondando as Igrejas. Abaixo posto uma meditação muito consistente do Pastor Isaltino Gomes da Igreja Batista de Macapá (AP) sobre a força da ignorância. O texto me foi remetido pelos irmãos, Hélio Amaro e Ruy Carlos, os quais apesar de não conhecer pessoalmente sei que não se corrompem com iguarias do Rei, nem se deixam levar por qualquer vento de doutrina.

Por Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

imageVivemos mesmo numa época de ignorância, de obscuridade intelectual e de irracionalismo. Infelizmente, a ignorância tem se tornando jóia cultivada neste país, e os mais pensantes são cada vez mais postos de lado. Quando um político de expressão nacional diz que livro é como academia de ginástica: a gente olha e foge, é porque a coisa ficou feia mesmo. O pior é que a ignorância é cultivada com arrogância. Parece que quanto mais ignorante, mais digno de crédito. E a espiritualidade evangélica tem se distanciado do pensar, que tem sido cada vez mais visto como ato carnal, quando não diabólico. A ignorância está em alta. Está difícil ser evangélico, também, hoje, a quem é pensante.

Ouvi no noticiário televisivo: um rapaz de vinte e poucos anos, gaúcho, estudante de Teologia na Bolívia, desapareceu nos Andes, quando fora escalar uma montanha de 6.300 metros. O rapaz não tem experiência alguma de alpinista, e ainda assim foi sozinho porque, segundo a mãe, queria ter uma experiência com o Espírito Santo, queria encontrar o Espírito Santo. Como achou que ele é boliviano e mora nos Andes foi fazer a escalada.

om todo respeito: o que leva a uma pessoa a sair do Rio Grande do Sul onde há bons seminários, passando pelo Paraná, onde também os há, e ir estudar Teologia na Bolívia? Respeitosamente: desde quando a Bolívia tem expressão em ensino teológico? Este jovem não tinha um pastor que o orientasse? E o que leva alguém, sem experiência alguma, a escalar sozinho uma montanha de 6.300 metros para encontrar o Espírito Santo? De onde lhe veio a idéia de que numa montanha encontraria o Espírito? E como convertido e aparentemente vocacionado, ainda não encontrara o Espírito? O que ensinaram a este jovem na igreja e depois no seminário? Sei que a família está sofrendo e que é hora de consolar, mas não posso deixar de dizer: quanta gente tonta, sem noção das coisas, e usando a espiritualidade como pretexto para a falta de juízo! Mas isto é reflexo do cristianismo que pregamos e cantamos hoje em dia. Cantamos autênticos absurdos teológicos e que se chocam contra a Bíblia, e ficamos por isto mesmo. As pessoas não pensam no que cantam, mas se apenas o ritmo é bom, agitado e as faz sentirem-se bem.

Temos um cristianismo cada vez mais sem Cristo, e cada vez mais com o Espírito Santo, sendo que por Espírito Santo as pessoas entendem uma experiência extra-sensorial. Porque uma experiência com o Espírito aproxima mais de Cristo, pois esta é sua missão. O evangelho está se tornando um ajuntamento de sentimentos, sensações, experiências místicas. Culpo um púlpito que não é exegético e corinhos ingênuos e até tolos. Os muitos corinhos que enxameiam nossa liturgia nos fazem cantar tantas inconveniências que fico abismado que pessoas razoavelmente lúcidas em sua vida secular cantem aquelas letras. Boa parte delas é confusa, sendo difícil ligar uma linha à outra. Pessoas que são professores cantam tantos erros de português, em que “tua” e “sua”, que são pessoas diferentes, se misturam e por vezes nem se sabe quando se fala de Deus ou de alguma outra pessoa. Raramente se fala de Jesus, e quando se fala dá para notar que Jesus é cada vez mais um conceito para dentro qual as pessoas projetam seus sonhos de consumo ou de classe média, que o Redentor e Salvador. A linguagem é horrorosa: mergulhar nos teus rios, beber nos teus rios, voar nas asas do Espírito, subir o monte de Sião, estar apaixonado por Jesus, subir acima dos querubins, uma série de expressões que não fazem sentido algum. Mas os compositores estão acima da crítica, mesmo quando fazem coisas ridículas, como andar de quatro em público. E quem canta os tais corinhos se sente bem. E também não aceita correção. Quem tenta corrigi-los em suas heresias e tolices é vaidoso, carnal, fossilizado, etc. O que vale não é se o que se canta é certo, mas se faz bem. As pessoas querem se sentir bem e ter alguma experiência. O conteúdo do que se canta é irrelevante. Sendo honesto: não agüento mais cantar corinhos! Chamem-me de vaidoso ou pernóstico, que não fará diferença, mas a maior parte dos corinhos, mesmo que na nova semântica se chamem pomposamente de louvor, é uma ofensa a quem sabe ler e interpretar um texto e tem uma noção mínima de conteúdo da Bíblia.

“Eu tenho a força”, bradava He-Man. Uma força mística, não divina, mas uma energia cósmica. Parece-me que é essa força espiritual que as pessoas buscam. Eles não querem aprofundamento no evangelho nem estudar a Bíblia. Eles querem sensações e experimentar uma força. O evangelho está se diluindo no esoterismo que grassa no mundo atual.

Esta é uma palavra especial aos pastores e ministros de música, que julgo eu, são as pessoas mais responsáveis pelo que acontece e que podem mudar a situação. Quero alinhavar algumas sugestões e lhes peço, respeitosamente, que pensem nelas.

1. FUJAM DO COPISMO

Chacrinha dizia que “na televisão nada se cria, tudo se copia”. No cenário evangélico também. Há uma usina produtora de corinhos, de forma comercial, que massifica nossas igrejas. Nossos jovens cantam as mesmas coisas vazias em todos os lugares. Em várias igrejas se vê a mesma deselegância de adolescentes robustas, saltitando, num monte de véus, no que pretende ser uma coreografia, mas que mostra gestos descoordenados e deselegantes. Chega a ser triste de ver as pessoas saltitando sem habilidade e com uns gestos que nada têm a ver com o ritmo da música. E a gente fica sem saber o que fazer: se olha as jovens pulando, se pensa no que está cantando, se nota as figuras do multimídia, ou os erros de português das letras, ou ainda o embevecimento do chamado “grupo de louvor”, que volta atrás, repete uma estrofe (quando há estrofe), tremelica a voz, faz ar de quem está sentindo dor. Mas é o padrão na maior parte das igrejas. Parece um shiboleth. Quem não faz assim corre risco de ser execrado. Porque os detentores da verdade litúrgica inovadora são fundamentalistas: fora do modelo deles não há louvor nem espiritualidade. Mas eu pergunto: é preciso fazer tudo igual? Convencionou-se que sim, porque ser antiquado é uma ofensa inominável. E para alguns, fora do padrão corinhos e danças tudo é velharia e não há espiritualidade.

Se você é líder e não concorda, diga que não concorda. Não ceda por medo. Há pastores que têm medo de perder o pastorado e cedem a direção do culto aos jovens. Eles cantam, cantam, e depois se sentam e se desligam do resto da atividade, quando não saem do templo. Há um descompasso entre o que se cantou e o que se prega. Porque se canta um evangelho muito diluído. Há pastores que têm medo de perder o rebanho, massificado por este padrão, e o usam. Tenho ido a igrejas em que pastores ficam alheios aos corinhos (recuso-me a chamá-los de “louvor”), mas dizem-me candidamente: “Eu não gosto, mas o pessoal gosta”. Ele deixa de ser o orientador do povo e passa a ser um garçom que serve o que o povo gosta. Ministro de música também age assim. E também está errado. Se estudou música e passou por um seminário deve ter uma proposta de liturgia menos medíocre e que atenda a todas as faixas etárias da igreja. É sua responsabilidade. Nossos cultos estão sendo empobrecidos pelos corinhos. A música é de baixa qualidade e as letras são aguadas. Os corinhos são cada vez mais efêmeros. Ministro de música, não copie a pobreza musical e intelectual dos corinhos. Pensar não é pecado. E ser inteligente também não é. Se os “levitas” podem discordar dos que chamam depreciativamente de “conservadores”, por que nós, conservadores, não podemos discordar dos “mediocrizadores” da música evangélica?

2. O QUE A BÍBLIA DIZ?

Tudo na igreja deve ser submetido ao crivo da Bíblia, inclusive o que se canta. Os compositores não estão escrevendo uma nova revelação e estão sujeitos ao crivo da Bíblia. Devem ser humildes e não pensarem de si como oráculos de Iahweh. Quem queira subir o monte santo de Sião deve ler Hebreus 12.22-29 e ver que ele é um símbolo do evangelho, da igreja de Deus, e que cada crente já está nele. O monte Sião não tem nada para nós. Quem queira subir acima dos querubins deve ler Isaías 14 e verificar que alguém quis fazer isto no passado e foi expulso do céu. Quem cante “Quero ver a tua face, quero te tocar”, deve se lembrar que Deus disse a Moisés: “Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá” (Êx 33.20).

As primeiras declarações de fé da igreja foram expressas em cânticos. Muitas afirmações litúrgicas do Novo Testamento foram expressões teológicas que firmaram os cristãos. Lutero firmou a Reforma com suas pregações, seus escritos, mas muito mais com seus cânticos. São cânticos que ficam na mente e muita gente está subindo o monte porque canta isto. A igreja precisa cantar sua fé e sua fé está na Bíblia. Toda letra de cântico deve ser submetida ao crivo bíblico. O certo não é o que a pessoa sente nem se o que ela canta lhe faz bem. O certo é o que está de acordo com a Bíblia.

O conteúdo do evangelho foi muito definido: Cristo crucificado. Mas pouco se cantam Cristo e a sua cruz. Precisamos cantar o ensino da Bíblia. “Doce canto vem no ar com a primavera, Flores lindas vão chegar com a primavera, Lírios, dálias e alecrins, Violetas e jasmins, O sol vai brilhar, passarinhos vão cantar, Com a primavera”. O que isto tem a ver com Cristo, com a salvação, com a segurança dos salvos?

Temos abandonado a Bíblia como fonte de doutrina, trocando-a por revelações e sonhos de gurus. Temo-la abandonado como inspiradora de modelo gerencial para a igreja, assumindo padrões de administração humana. Muita pregação, mesmo com ela sendo lido, é apenas emissão de conceitos culturais, e sendo ela mero pretexto para o discurso. E temo-la deixado de lado como balizadora do que cantamos. A função do cântico não é distrair as pessoas nem fazê-las sentir-se bem no culto, mas ensinar as grandes verdades de Deus. O culto deve ser doutrinador, sim. Preguei num congresso de jovens em Manaus, e deselegantemente, o dirigente tomou a palavra após minha fala e disse: “Não me interesso por doutrina, e sim por Jesus”. Pedi o microfone de volta e fiz uma pergunta: “Sem doutrina, que Jesus você tem?”.

Com nossos cânticos atuais, não temos Jesus. Em muitos deles temos um espírito de grupo, uma cultura grupal ou um Espírito que mais se parece com a Força de He-Man que com o Espírito Santo. É preciso subordinar tudo ao crivo da Bíblia. O evangelho está se tornando cada vez menos bíblico e mais sentimental. Porque está faltando Bíblia.

3. NÃO DESPREZE SUA HERANÇA TEOLÓGICA E LITÚRGICA

O terceiro aspecto que abordo é este: não despreze sua herança teológica e litúrgica. Há uma tradição que engessa e que fossiliza. Mas há uma tradição que enriquece e que dá balizamento. O evangelho não começou agora. A igreja não surgiu há alguns poucos anos. Os momentos de louvor e adoração não foram criados agora. Muitos deles, no passado, deixaram marcas profundas de avivamentos que impactaram a sociedade.

Até agora caí de tacape e borduna nos corinhos, sem abrir espaço para reconhecer que alguns sejam bons. Foi de propósito. Creio que consegui um pouco de atenção. Creio que há cânticos bons e que trazem conceitos espirituais seguros. São coerentes, biblicamente falando. E respeitam a herança teológica do protestantismo. Porque este critério também tem valor: os cânticos estão reafirmando nossa fé ou modificando a nossa fé? Infelizmente, a maioria me deixa desconfortado: não os canto porque não expressam minha fé, a fé em que fui criado, a “bendita fé de nossos pais”, como diz um hino.

Nós temos um passado e não podemos fugir dele. A ignorância do passado leva a cometer os mesmos erros cometidos. Houve uma longa luta para firmar o cânon do Novo Testamento, e precisamos lembrar que é ele que interpreta o Antigo. Muita gente tem cantado o Antigo Testamento, mas nós somos cristãos. Nós cantamos a fé em Cristo. Se o Antigo Testamento é pregado, deve ser interpretado pelo Novo. Se o Antigo é cantado, deve ser interpretado pelo Novo. Estão querendo rejudaizar o evangelho, questão que a igreja já resolvera em Atos 15 e contra a qual Paulo escreveu a sua mais dura carta, a epístola aos gálatas. Somos filhos do Novo Testamento, e não do Antigo. Somos filhos dos evangelhos e das epístolas, e não de Salmos, embora Jesus os usasse. Mas seu próprio jeito de usar os salmos nos orienta: ele os reinterpretou em sua pessoa. Cantemos Jesus, cantemos a fé cristã e não meras sensações, cantemos a cruz, o túmulo vazio, o perdão dos pecados. Cantemos a Igreja, e não Israel. Somos cristãos e não judeus. Cantemos que “a cruz ainda firme está e para sempre ficará”.

Somos salvos pela graça por meio da fé em Cristo. Não somos salvos pelo Espírito Santo nem por uma experiência litúrgica. O Espírito é uma pessoa e não sensações: “O Espírito Santo se move em você com gemidos inexprimíveis” é algo sem sentido. Ele geme por nós, em oração, com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26). Mas não se move dentro de nós, com gemidos. O ponto central do evangelho é Cristo e sua cruz. Este é nosso tesouro teológico, herança à qual devemos nos agarrar. Qualquer cântico que deslustre isto, que diminua Jesus, que esmaeça a cruz, é blasfêmia. Não quero cânticos de auto-ajuda. Quero Jesus e sua cruz. Quem tem Jesus não precisa de muletas emocionais. Quero cânticos bíblicos, de acordo com a fé que uma vez foi entregue aos santos (Jd 3).

CONCLUSÃO

Sei que foi uma palestra dura. Não vou me desculpar porque o que eu disse é o que eu creio. Sim, estou cansado da ditadura litúrgica que me parece associada a um fundamentalismo: só nós sabemos o que é espiritual e vocês estão fora, são do passado, são frios, são formais. Eu me recuso a cantar bobagens com roupagem espiritual. E desafio vocês a restaurarem a liturgia com conteúdo, com ensino. Desafio-os a não cederem à força da pobreza litúrgica que nos avassala.

Há algo mais comovente e com mais conteúdo que “Castelo Forte”, “Aleluia”, “Amazing Grace”? Por que a ditadura dos corinhos? Por que, no natal, sou obrigado a cantar que quero voar nas asas do Espírito? Que os compositores de corinhos componham música de boa qualidade com letras de conteúdo, e ajustada às épocas, também. Os corinhos são monocromáticos. Dizem sempre a mesma coisa. Nunca ouvi um exortando à confissão de pecados, falando do natal, da dedicação de crianças, da semana da paixão, de missões, da Bíblia como Palavra de Deus. Tudo é igual: louvar, adorar, contemplar, sentir-se bem. Não permitam a monocromia, que é sinal de pobreza.

Escrevi, tempos atrás, um artigo intitulado “Quero uma igreja velha”. Esta palestra é um desabafo e um pedido de ajuda: “Socorro, quero um culto velho”. Com a Bíblia exposta, com solenidade, com cânticos com nexo, com os grandes hinos de nossa fé, com Cristo e sua cruz brilhando. Sim, estou cansado da liturgia atual, que é pobre e alienante.aspas

 

Isaltino Gomes Coelho Filho é autor de vários livros, Bacharel em Teologia, Filosofia e Psicologia e mestre em Educação e Teologia.

Texto Pregado no Encontro de Músicos, na PIB de Manaus, 15.11.2008

Divulgação: Blog Renato Jr.

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