A vinda ao Brasil do presidente do Irã - que nega o Holocausto e defende a eliminação de Israel - está prevista para os dias 23-26/11. Nessa hora, mesmo não sendo judeus - Somos Todos Judeus!
Sério: alguém apoia isso? Mahmoud Ahmadinejad, o presidente do Irã, alega que não houve Holocausto na Segunda Guerra e, além disso, defende a singela ideia de remover Israel da face da Terra. Em seu país, mulheres são espancadas ou mortas pelos mais torpes motivos, homossexuais são presos e também mortos pelo governo pelo "crime" de ser o que são, entre outras atrocidades.
Lula o convidou ao Brasil.
Não se trata aqui de respeitar ou não a religião dos outros. Todos temos o direito a professar qualquer que seja a fé, mas os defensores da Declaração Universal dos Direitos Humanos não discordarão de mim quanto à supremacia de algumas garantias, não é mesmo? Não há nada que justifique espancamentos, apedrejamentos, mutilações de clitóris e outros absurdos.
E, agora, somos obrigados a receber esse déspota? Não, não acho que sejamos. Nossa juventude politizada, bem como a blogosfera engajadíssima, fez e faz todo tipo de abaixo-assinado preocupado com a política internacional. Um bom exemplo é o negócio de "Fora, Bush". Ok, maravilha.
Em setembro, o presidente Lula recebe o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. A visita é oficial, o que implica em todo o cerimonial inerente à recepção de um chefe de estado. Trocando em miúdos: o Palácio do Planalto vai receber um homem que, até onde se sabe, financia dois grupos terroristas. Aí as coisas já passam do limite do aceitável.
À época da convenção da ONU contra o racismo, o presidente iraniano fez uso de sua verborréia a fim de desmerecer o sofrimento pelo qual passou o povo judeu durante o holocausto. Sabiamente, as delegações de diversos países abandonaram a convenção de imediato. Devo lembrar que o Brasil, ao contrário da maioria, permaneceu lá com suas 35 pessoas dando crédito ao que falava Ahmadinejad. A comitiva em questão foi liderada por Edson Santos – um senhor que, à semelhança de Ahmadinejad, vocifera preconceitos contra Israel e seu povo.
Esse tal de Edson Santos concedeu uma entrevista ao jornal Gazeta do Povo. Suas impressões sobre o encontro da ONU não nos deixam dúvidas com relação ao posicionamento ideológico do governo Lula sobre a questão judaica e – o que é mais espantoso – uma fração de alinhamento também ideológico com Ahmadinejad.
A entrevista segue em azul. Faço algumas intervenções em vermelho.
Como o senhor avalia a Cúpula até agora?
Houve divisão com o pronunciamento do presidente do Irã. Criou-se um ambiente de ameaça à conferência, que poderá não alcançar seu objetivo se disputas radicais forem a tônica.
Qual sua avaliação do discurso de Ahmadinejad?
Ele trouxe para o debate algo que não é próprio da agenda do evento. A situação palestina é algo relevante, mas deve ser tratada no Conselho de Segurança da ONU.
A forma como o tema foi tratado pelo Irã foi racista?
Não diria isso, acho que o fórum é que foi inadequado.
Omissão deslavada! O governo brasileiro sempre se omite e se recusa a repudiar posições políticas anti-semitas. O Itamaraty divulga nota de repúdio ao revide Israel, mas nega que a semente do mal começa da Palestina; Celso Amorim condena as mortes causadas pelos judeus, mas se recusa a condenar o uso de crianças palestinas como escudo-humano; nossa diplomacia adora fazer referência à desproporcionalidade das respostas de Israel em ataques de guerra, mas nunca emitiu nota oficial condenando o massacre promovido pelo Sudão em Darfur (com um saldo de 300 mil mortes desde 2003) e nem ao regime ditatorial em Cuba (com 100 mil mortos).
Como ficou o clima da audiência no momento do discurso?
Houve protesto de grupos judeus que tentaram jogar coisas em cima dele. Mas foi algo interessante para os dois lados. Para os judeus, que queriam dar visibilidade a sua causa, e para Ahmadinejad, que teve seu momento de glória.
Mentira! Mistificação! Que história é essa de os judeus darem visibilidade à sua causa? Os judeus, como é tradicional em sua história desde os tempos de perseguição no Egito, apenas manifestaram repúdio a um ataque desmedido. Quem deu início ao pandemônio foi Ahmadinejad. Então quer dizer que os demais países que abandonaram a convenção também queriam uma suposta visibilidade?
Sua delegação aplaudiu o discurso?
Nossa delegação assistiu respeitosamente a todos os discursos. Não manifestamos nossa opinião através de aplauso nem de vaia. E acho que deveria ser essa a postura da conferência.
Em uma convenção da ONU, onde diretrizes tangentes ao destino da humanidade são discutidas (ou pelo menos deveriam ser), pontos de discórdia podem – e devem – ser colocados em debate. Logo, manifestações e opiniões são elementos que agregam valor à causa em discussão. Ao optar pelo silêncio frente a ofensas ao estado de Israel, o Brasil mostra sua condescendência com conceitos condenáveis (e, como sabemos, o conceito do Irã com relação a Israel é só um: o fim dos judeus).
Como o senhor vê a atitude dos 23 países que saíram da sala?
Acho que é um exagero.
Exagero não, senhor ministro. Era o mínimo a ser feito.
Realça algo que deveria passar tranquilamente.
Um Estado pregando o fim de outro Estado não pode – nem nunca poderá – “passar tranqüilamente”. O desrespeito à memória do sofrimento judeu não pode “passar tranqüilamente”.
O Irã contribuiu para a construção do texto final do encontro. Nele não há agressão a Israel nem menção à Palestina. Embora assine o documento, Ahmadinejad decidiu vir aqui fazer uma fala ideológica. O direito dele de expressar sua opinião deve ser considerado e garantido.
E lamento que o Brasil não usou do direito de “expressar sua opinião” para repudiar as declarações de Ahmadinejad.
Por que o mundo se divide tanto em relação ao discurso anti-israelense?
Os judeus fazem questão de reverberar, dar eco a um discurso crítico à sua postura. Revela uma intolerância, uma grande incapacidade de absorver críticas.
Quando Ahmadinejad nega a existência do holocausto, não faz uma crítica, mas faz eco à escola que tem por doutrina eliminar o Estado de Israel do mapa. Edson Santos nos faz crer, pela sua resposta, que os judeus procuram chamar a atenção para eles mesmos com o objetivo de atrair as misericórdias do mundo. Pronto: agora, Israel não tem nem mais legitimidade para se defender como nação, pois, se o fizer, será interpretado como Estado egocêntrico. E que história é essa de “revela uma intolerância”? A intolerância, vale lembrar, é palestina. A intolerância é iraniana.
O que o texto final do evento trará de novo?
Há predisposição de consenso em torno de ações de combate ao racismo, promoção da igualdade racial e combate à xenofobia e intolerâncias.
Promoção da igualdade racial e combate à xenofobia em um evento onde Ahmadinejad nega a existência de um crime contra a humanidade? R-I-S-Í-V-E-L
A tolerância do governo Lula com regimes tiranos não data de hoje, mas de tempos. Em visita oficial ao Oriente Médio, nosso presidente não pisou no único país democrático existente por lá: Israel.
Vez por outra, quando o assunto é terrorismo islâmico – ou terrorismo colombiano (vistas às Farc) – o Brasil e sua diplomacia optam pelo neutralismo e envio de ajuda humanitária. O socorro humanitário é procedente, mas o silêncio é condenável. Terrorismo é crime contra humanidade. O Brasil limita-se sempre a pedir paz e o cessar-fogo das partes envolvidas, mas se nega a explicitar repúdio a ação dos terroristas. A visita de Ahmadinejad ao Brasil é uma excelente oportunidade para Lula condenar atos de terror e tudo o que lhe são inerentes – mas não o fará. Nossa diplomacia prefere receber assassinos e patrocinadores do horror com todas as honrarias da casa a condená-los de fato.
E você o que pensa da visita de AHMADINEJA ao Brasil. Deixe seu comentário abaixo e participe.
Renato Jr.
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Renato Jr.